O governo Temer optou por chantagear os estudantes e tentar colocar a sociedade contra as ocupações de escolas. Às vésperas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), prova obrigatória para ingresso no ensino superior público ou para bolsas no ensino privado, o MEC (Ministério da Educação e Cultura) declarou que 303 escolas ocupadas comprometeriam a realização da avaliação de 191 mil candidatos.
As investidas contra o movimento vêm ocorrendo de diversas formas, quer seja através de grupos de extrema-direita como o MBL (Movimento Brasil Livre (MBL) que agem como gangues depredando as escolas e insultando manifestantes, chegando até a provocar enfrentamentos físicos; passando por decisões arbitrárias do Poder Judiciário que se utilizou de métodos de tortura como suspensão do fornecimento de água e a alimentos e uso de instrumentos sonoros à noite para que os estudantes fossem impedidos de dormir; até a efetiva ação truculenta da Polícia Militar nas escolas que foram desocupadas à força.
Da mesma forma que o arsenal de táticas não funcionou para desarmar o movimento, a chantagem do cancelamento/adiamento do ENEM também não terá força. As luta contra a aprovação da PEC 241 (atual PEC 55), contra a Reforma do Ensino Médio e contra a Lei da Mordaça move os estudantes para seguirem ocupando seus locais de estudo. No momento, são 155 universidades, mais 1000 escolas secundaristas e mais de 100 Institutos Federais ocupados.
Janaína Oliveira, da Executiva Nacional da ANEL, destaca que a atitude do governo é autoritária e desnecessária. “Nas eleições municipais houve coexistência com as escolas ocupadas, qual a razão de ser diferente com o ENEM? A razão é evidente, o governo tenta colocar os estudantes uns contra os outros para enfraquecer o movimento legítimo das ocupações. Nosso recado é que não vai adiantar, eles podem vir quentes, que os estudantes estão fervendo! Não vamos permitir que sequestrem o nosso futuro”, declarou.
