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Arte, moda, tecnológia e empoderamento foram a tônica do Novembro Negro 2019

dez 20 2019
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Todos nós sabemos que a arte e a política andam de mãos dadas, ponto muito valoroso para ambas expressões. Neste sentido, o SINASEFE-IFBA tem estabelecido um diálogo com outras linguagens em busca de uma expansão, aprofundamento e aproximação entre os temas que estão no escopo das pautas de luta.

Essa interlocução, que resulta na consolidação do edital Novembro Negro com uma política necessária dentro do nosso calendário de atividades, possibilita que as discussões sobre as questões da população negra sejam conduzidas com uma olhar sobre o protagonismo e a inclusão. 

Nesta edição, o edital contemplou 5 (cinco) projetos nos campi Salvador, Santo Amaro, Valença, Juazeiro e Brumado. 

Campus Salvador

De acordo com a proponente e professora do Campus Salvador, Heide Damasceno, foi lindo proporcionar aos estudantes e servidores um momento reflexivo, lúdico e potente. “A banda Simples Rap’Ortagem tem essa marca com letras inteligentes que reivindicam uma educação antirracista com um som massa, que faz o corpo balançar. Foi igualmente importante para problematizarmos os diversos desafios de disputar a educação emancipatória”, relata Heide.

A atividade, que foi destinada às/aos estudantes, teve uma participação muito tímida diante da expectativa das organizadoras. “O evento não estão tão cheio como desejávamos, os nossos estudantes vêm dando sinal de cansaço. Por isto mesmo, precisamos mais do que nunca contribuir com a juventude negra viva e orgulhosa”, pontua a professora. 

Campus Juazeiro

O Seminário DandaraZumbi Para além do Novembro: ancestralidade e perspectivas das questões étnico-raciais, contemplado pela terceira vez pelo edital, foi realizado entre os dias 25 e 27 de novembro. O evento contou também com a colaboração dos Movimentos Antirracistas do Vale (MAV), da Rede de Mulheres Negras de Petrolina, do COMPIR e da SEDES.

Segundo a proponente e professora do Campus Juazeiro, Ana Paula dos Santos, a participação da comunidade foi muito significativa. “Participaram do evento estudantes do ensino médio integrado e subsequente de administração e segurança do trabalho, docentes, técnica(o)- administrativas(os) em educação e profissionais terceirizadas(os), além de convidadas(os) que colaboraram com a sua realização”, pontua a proponente.

A abertura aconteceu com a exposição fotográfica Poder Ancestral, elaborada pela intérprete de libras Andreia Luciana Macedo, que fez registros de estudantes e servidoras(es) negras(os) captando a beleza e a essência de suas ancestralidades. Ao mesmo tempo ocorreu a exposição Um pinguinho do meu tom, organizada pela professora de artes Laise Gomes e estudantes, uma releitura da obra Humanae da artista brasileira Angélica Dass, que buscou enfatizar os diversos tons de que é constituída a nossa pele. No hall de entrada, Laise também expôs máscaras produzidas nas aulas de artes sobre cultura afro-brasileira as quais expressavam a personalidade de cada estudante. Na sequência, houve uma roda de conversa sobre O movimento negro e as questões religiosas com a Yalorixá Gleide dos Santos, do terreiro Ilê Abasy de Oiá Gnan, e o professor de música e Pastor Antonio Martins, da Igreja Comunidade Cristã. Neste dia, também ocorreram palestras voltadas para a reflexão sobre a Década Afrodescendente estabelecida pela ONU. Nesta perspectiva, a Professora Doutora e Presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR) em Juazeiro, Márcia Guena, abordou o tema Juventude negra e comunidades tradicionais. Já a diretora da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (SEDES) nesta cidade, Luana Rodrigues, tratou sobre Mulheres na perspectiva da Década afrodescendente. 

O segundo dia do III Seminário DandaraZumbi foi marcado pela realização das seguintes oficinas: Feminismo, interseccionalidade e emancipação, com a professora de filosofia Fabiana Vieira; Produção de moda como instrumento de resgate e resistência, com Afroempreendedora e designer de moda do Black Retrô Brechó, Raquel Menezes; e Produção de bonecas Abayomis: por uma história das sensibilidades com a professora de história Grazyelle Reis e a graduanda de história da Universidade de Pernambuco (UPE), Raabe Sena. Houve ainda a exibição do documentário Moa do Katendê: a primeira vítima (Direção de Carlos Pronzato) o qual foi discutido pela professora de sociologia Adriana Pinheiro e pela professora Laise Gomes. À noite, a comunidade acadêmica teve a alegria de prestigiar a apresentação cultural do Afoxé Filhos de Zaze, o primeiro da cidade de Juazeiro. Entre sons de xequerês, atabaques, agogôs e violão o presidente do bloco, José Rosa, e demais integrantes colocaram o público para cantar e dançar no ritmo do ijexá, inclusive com músicas autorais. Para fechar o dia 26, ocorreu uma mesa redonda com o tema Gênero, sexualidade, classe, cultura e educação que contou com uma voz forte no Vale do São Francisco, Viviane Costa Santos, pedagoga, ativista e representante da Rede de Mulheres Negras de Petrolina. Contou ainda com a presença da professora de língua portuguesa Sara Oliveira e da professora Laise Gomes.

O último dia do evento começou a com a exposição Genocídio do povo negro no Brasil contemporâneo, organizada pelo professor doutor Altair Paim junto com as(os) estudantes do curso integrado David Wesley Teles, Manuela Ferreira e Júlia Rafaella Lima. Em seguida, a graduanda em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Raylane Nayara Souza, apresentou o trabalho A produção intelectual de mulheres negras no Vale do São Francisco. Para tocar as sensibilidades de todos, a Performance Amarras, foi apresentada no auditório pelas atrizes Tamires Souza e Ana Paula Ribeiro, do Coletivo Dandaras. Essa Performance trata “do ser feminino enquanto corpo negro. É um ciclo de sentimento, sofrimento, resistência; assim mesmo, nesta ordem”. Após isso, a psicóloga Jonalva Gama e o professor e psicólogo Altair Paim debateram em mesa-redonda sobre o Suicídio do povo negro.

Para encerrar o III Seminário DandaraZumbi houve a premiação das(os) estudantes que participaram do Concurso de Redação promovido pela biblioteca do campus Juazeiro, organizado pela bibliotecária Fernanda França. O tema desta edição foi Desafios para reduzir o racismo estrutural no Brasil. O prêmio de primeiro lugar foi para Kauane Nunes (3° ano integrado em administração); o de segundo para Melissa Silva (1° ano integrado em administração); o de terceiro para Beatriz Dias (3° ano integrado em Administração); o de quarto para os estudantes Ariele Silva (1o ano integrado em administração) e Filipe Nascimento (3° ano integrado em administração), que empataram; e o de quinto para Arianny Santos (3° ano integrado em administração).

Campus Santo Amaro 

Mais um ano de as ações afirmativas para demarcar o ensino de história e cultura afro-brasileira aconteceram no campus Santo Amaro. O projeto IV Santo Amaro Afro: Modelagens, Saberes e Resistências organizado pela área de ciências humanas em parceria com a UFRB e com a UNILAB encerrou as atividades no dia 30, após uma programação com palestras e oficinas que também aconteceram no Colégio Teodoro Sampaio nos dias 26 e 27 de novembro. 

A programação envolveu a realização das oficinas Decorporalidade: a capoeira Angola e a dimensão corporificada do Conhecimento; Turbantes; Reaproveitamento de Resíduos Tecnológicos: Construção de Lixadeira; Paisagens Filopoéticas: cinema e filosofias africanas na disputa por imaginários brasileiros; O Charme da Soul Music: um Mergulho na sua História e na Magia das suas Canções; Empoderamento negro na juventude: Dialogando com itan nos jogos de improviso; O cuidado como enfrentamento às opressões institucionais; Grafite; A arte e resistência do samba de roda nas coreografias do NAC, além de exibições dos Filme “Estrelas Além do Tempo”  e “Revoluta dos Búzios”. 

“Após a finalização das oficinas, os estudantes foram convidados para a área verde, onde puderam assistir aos espetáculos Oxe: literatura negra na Bahia, apresentada pelo coletivo Oxe; Escola Paraíso #só que não, apresentado pelo grupo Caleidoscópio Jovem. Houve ainda as performances musicais de convidados como Juan, VSR e Leone, Os Jaca que embalaram a galera até ao meio dia”, relata o professor e proponente do Campus Santo Amaro, Adilson da Paz. 

Campus Valença 

Em Valença o evento aconteceu durante três dias e contou com uma intensa participação das(os) estudantes do integrado e das licenciatura. 

De acordo com a proponente e professora do Campus Valença, Genny Ayres, as palestras tiveram trataram sobre a afetividade, tema que toca muito as(os) estudantes. “Diante desse momento em que vivemos de muitas instabilidades políticas, muitas demandas são colocadas para a juventude. Eles participaram de todas as oficinas, estiveram atentos aos desdobramentos e aprofundamentos sobre as questões da ancestralidade, aos relatos de pessoas que conquistaram visibilidade social, a memória negra, o racismo institucional que precisamos enfrentar diariamente. Nós avaliamos que o Novembro Negro, que teve apoio do SINASEFE-IFBA, foi um evento de sucesso total”, conclui Genny. 

Campus Brumado

No último dia 20, Dia da Consciência Negra, foi realizado o evento “Afrofuturismo: o futuro é negro – passado e o presente também”, no Campus Brumado do Instituto Federal da Bahia. 

A iniciativa, contemplada pelo edital Novembro Negro 2019 do SINASEFE-IFBA, propôs uma vivência afrofuturista com o objetivo de recontar a história do povo negro e discutir pautas relevantes, necessárias e contemporâneas que tangem a vida da população negra, sobre a ótica da exaltação da cultura afro-brasileira. 

De acordo com o proponente e docente do Campus Brumado, Allisson Lima, o afrofuturismo trabalha sobre o ponto de vista da arte, da ficção científica, da cultura, da produção literária e intelectual científica. “O povo negro está sempre sendo associado a pobreza e a escravidão, o nosso evento através da perspectiva afrofuturista desconstrói tudo isso. Realizamos diversas atividades ao longo do dia 

A abertura da programação contou com a performance do grupo de dança Afro Oju Orun, com mais de  30 (trinta) bailarinos que integram o projeto social do Ilè Áláketú Ase Odé Omi L’Òdò, que tem como sacerdote o Babalorixá André Luís Gouveia Ferreira. Em seguida foram realizadas duas mesas compostas apenas por pessoas negras com a presença da professora da Universidade Estadual da Bahia, Luciana Cruz, o professor de história do IFBA Marcelo Pereira Leite, a representante estudantil Lucilene e a mediação de Allisson Lima para discutir os dilemas atuais, desconstruir algumas histórias do universo racista brasileiro, o lugar de fala, representatividade e outros assuntos. Encerrando a atividade no período matutino, o evento recebeu o grupo de capoeira, maculelê e uma roda de samba com a Ginga Brasil.

Durante a tarde, as(os) estudantes foram protagonistas com a criação de uma Feira das Nações Africanas, que mostrou a riqueza e a diversidade do continente africano com uma olhar respeitoso e distante da colonização. Além disso, foi construída também uma sala afrofuturista com diversos recursos tecnológicos e audiovisuais para contextualizar o tema, foi instalada uma exposição no hall de entrada com fotos de diversas personalidades negras e texto sobre as suas contribuições para a luta, foram realizadas as oficinas de dança afro, capoeira, tranças e turbantes, auto maquiagem para pele negra, a introdução a língua iorubá e de ervas para cura no candomblé. 

À noite, durante o encerramento, aconteceu um desfile de moda afrofuturista realizado pelas(os) alunas(os) com o intuito de valorizar a beleza da mulher e do homem negro e questionar os padrões de beleza instituídos na sociedade. Em seguida foi realizada uma mesa com mulheres para falar sobre as lutas e o feminismo negro e uma apresentação do grupo de capoeira. 

 

 

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