
Edital Novembro Negro 2020 levou arte, tecnologia e política para comunidade em plena pandemia
A luta antirracista precisa ser sempre muito mais do que discursos. Por isso, o SINASEFE-IFBA, desde de 2017, realiza o Edital Novembro Negro, financiando na sua base ações que tenham foco na luta contra o racismo, contra o genocídio do povo negro no Brasil e pelo reconhecimento de nossa identidade. No dia 13 de maio, dia da falsa abolição, mais do que nunca, o SINASEFE-IFBA afirma sua militância antirracista e dá destaque à sua principal ação política neste sentido que é o Novembro Negro.
Ao longo dos anos o SINASEFE-IFBA tem estabelecido um diálogo com outras linguagens em busca de uma aproximação, aprofundamento e expansão entre os temas que fazem parte do escopo das pautas de luta. Cada dia mais a arte, a tecnologia e a política andam de mãos dadas.
Em 2020, por conta da pandemia por COVID-19 e do isolamento social (que ainda se faz extremamente necessário), o sindicato lançou mais ums edição do Edital Novembro Negro disponibilizando recursos da ordem de R$10.000,00 (dez mil reais) para iniciativas remotas, reforçando o valor da tríade arte, tecnologia e política. Essa interlocução, que resulta na consolidação do edital como uma política necessária dentro do nosso calendário de atividades, possibilita que as discussões sobre as questões da população negra sejam conduzidas com uma olhar sobre o protagonismo e a inclusão.
Nesta edição, o edital contemplou 4 (quatro) projetos:
Minidicionário Audiovisual de Relações Raciais
Este projeto, proposto pela professora Rosangela de Barros Castro, lotada no IFBA Campus Jacobina, lançou no dia 11/12, no canal do YouTube do SINASEFE Nacional, um Minidicionário Audiovisual de Relações Raciais.
A iniciativa contou com a participação de alguns artistas:
Amanda Rosa (@amandarosarosa) – cantora, compositora, atriz, poeta e MC. Em 2019 lançou seu primeiro videoclipe “Essa ldeia Tá Falida” e o videoclipe em parceria com a rapper DelaRua “Lama é Casa”. Agora em 2020 lançou a música “Oxe não se bote” junto com a parceira Candace, vencedora do Festival da Educadora FM 2020 na categoria música com letra.
As Mambas (@asmambas) – grupo perfo-político-musical formado por Felipe Salutari e Sued Hosaná com o objetivo de interseccionar raça, gênero, sexualidade, afetividade e ancestralidade por meio da musicalidade preta. Dentre outras atividades, o duo já participou de atividades do Afrobapho, Balaio Ninja, Casa Ninja Bahia e Teatro Martim Gonçalves.
Lislia Ludmila (@poetadovale.lis) – musicista, escritora e poeta. Integra o Coletivo Gaia e é uma das autoras do livro Poéticas periféricas: novas vozes da poesia soteropolitana. Atualmente reside em Cruz das Almas e é graduanda do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Exatas e tecnológicas na UFRB.
Juventude e Negritude
O projeto Juventude e Negritude, lançou nos dias 16 e 17/12, no canal do YouTube do SINASEFE-IFBA, duas vídeo-aulas sobre as gerações mais novas.
Juventude e Interseccionalidade foi o tema do primeiro vídeo, que contou com a participação do professor Luis Flávio Reis Godinho. Já a segunda produção audiovisual, teve a contribuição da professora Elis Souza dos Santos, que discutiu Negritude e Empoderamento. A mediação foi realizada pelo professor e organizador do projeto, Fabiano Brito.
A iniciativa propôs uma reflexão ampla do conceito de juventude e a necessidade de sua caracterização e diferenciação, abordando outros conceitos relevantes como classe, raça e gênero – elementos característicos e fundamentais para o entendimento e o combate do nosso racismo.
IV Seminário DandaraZumbi – Afrofuturismo: o passado é o futuro
O Seminário DandaraZumbi, realizado entre os dias 15 e 17 de dezembro, trouxe em sua quarta edição como tema central ‘Afrofuturismo: o passado é o futuro’.
A iniciativa promoveu um debate sobre afroempreendedorismo, vidas negras e redes sociais e literatura afrocentrada. Durante os três dias de evento, foram realizadas mesas de debates, oficinas sobre criação de podcasts, direito constitucional e raça e escrita literária, além de uma apresentação musical e uma intervenção teatral do coletivo Canto do Bode (grupo formado por servidoras do Campus) com leitura do conto “Olhos D’Água”, de Conceição Evaristo. contou com 162 inscritos como ouvintes e 83 pessoas inscritas nas oficinas. Além disso, também foi realizado o primeiro Concurso de Literatura e Artes Gráficas Afrocentradas, em que estudantes tiveram a oportunidade de expor sua criatividade em artes visuais e literatura (nas categorias conto/crônica e poesia).
Destes trabalhos, cinco categoria artes gráficas e seis produções literárias foram selecionadas(os) e premiadas(os) com materiais artísticos. Essas produções também serão reunidas em um e-book, que será lançado em breve.
A comissão organizadora foi formada pelos professores e professoras Élide Elen Santana, Altair Paim, Grazyelle Reis, Jailson de Souza e Roberto Calasans, pela Técnica-administrativa em Educação e interprete de libras Andreia Macedo, pelo Técnico-Administrativo em Educação Lucas Rafael Dantas e contou com colaboração da professora Adriana Pinheiro e suas orientandas(os) do Programa PIBID em parceria com a UNIVASF.
O Seminário DandaraZumbi segue disponível para acesso no canal oficial do Youtube do IFBA Campus Juazeiro com interpretação em libras, realizada por intérpretes de vários campi do Instituto Federal da Bahia.
Seminário Fundamentos para a compreensão da Educação para as Relações Étnico-raciais e História da África
O Seminário Fundamentos para a Compreensão da Educação para as Relações Étnico-raciais e História da África, realizado entre os dias 14 e 16 de dezembro de 2020, contou com o número de 111 (cento e onze) inscritas(os). O perfil das(os) inscritas(os) mostrou que 35% das pessoas que se interessaram estão na faixa de 30 a 39 anos, seguido de 40 a 50 anos (24,3%). Mais da metade são da área de ciências sociais e aplicadas e, somando-se as categorias de parda e preta, 83,80% das(os) inscritas(os) são negras(os) autodeclaradas(os), em maioria estudantes e professoras(es), conforme gráficos indicadores do perfil apresentados abaixo:
A participação efetiva foi de 21 pessoas no primeiro dia (mas com número médio de 39 participantes), 40 pessoas no segundo dia e 30 pessoas no terceiro dia, conforme listas de presença, apesar de flutuação maior de pessoas durante as aulas. Este fato se deve tanto aos desafios de acesso regular a internet quanto ao fato de muitas(os) inscritas(os) terem considerado que receberiam o link de acesso as aulas no primeiro dia do seminário, sendo que já estava disponível desde a divulgação.
Foi realizada uma breve mesa de abertura, na qual as proponentes apresentaram-se, bem como abordaram os objetivos do seminário. O professor e coordenador da pasta de combate à opressão do SINASEFE-IFBA, Alisson Lima, apresentou as ações desenvolvidas, ressaltou a importância do Edital Novembro Negro e saudou o evento. Em seguida, a professora Marcilene Garcia abordou a importância das ações da recém criada Diretoria de Ações Afirmativas e Assuntos Estudantis do IFBA, bem como a relevância da formação e discussões como as que se propõe este seminário. O curso teve carga horária total de 8 (oito) horas e seguiu um fluxo de aula expositiva, seguida de debate em todos os dias. A participação foi intensa, tanto pelo chat (bate-papo) quanto via microfone e vídeo, pois foi incentivada a apresentação e diálogo entre as(os) participantes.
O Edital Novembro Negro é um sucesso na nossa seção sindical e um exemplo para outras entidades sindicais, dentro e fora do SINASEFE, esperamos que ele permaneça na pauta de políticas de combate à opressão do SINASEFE-IFBA e possa ser continuamente ampliado, inclusive no que tange aos recursos humanos e financeiros disponíveis.