
ENEM numa pandemia é usar o sistema de educação para ampliar o genocídio!
O SINASEFE-IFBA vem, por meio desta nota, manifestar seu veemente repúdio ao Ministério da Educação (MEC) pela manutenção das datas para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e ao ministro Milton Ribeiro por declarar desrespeitosamente que as(os) estudantes que se opõe a decisão representam “uma minoria barulhenta”.
Infelizmente, a população brasileira tem atravessado uma das maiores crises na saúde pública mundial (des)governada por um presidente genocida. Em quase um ano de pandemia, somente no Brasil, mais de 203 mil pessoas morreram em decorrência da COVID-19. Um número alarmante regado pelo sarcasmo sangrento do presidente Jair Bolsonaro e de suas/seus aliadas(os). O impacto da calamidade pública causada pelo coronavírus em contraponto ao negacionismo de parte das(os) cidadãs/cidadãos é tão absurdo que mesmo com a morte por COVID-19 do general da reserva Carlos Roberto Pinto de Souza, responsável pela área dentro do INEP que coordena a elaboração do ENEM, ainda cogitam a manutenção da prova nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021, o que chega a ser escandaloso.
O adiamento do ENEM repercutiria sobretudo em dois pontos cruciais: 1) a redução do contágio e da disseminação do coronavírus entre as(os) estudantes, suas/seus familiares e terceiras(os) e 2) possibilitaria melhores condições para aquelas(es) que sofrem com as desigualdades sociais – que se tornaram ainda mais abissais durante a pandemia.
Em matéria da BBC News Brasil, foi veiculada a avaliação do professor emérito da UFMG e cocriador do Indicador de Desigualdades Educacionais e Aprendizagens (IDeA), José Francisco Soares, que acredita que essas novas camadas de desigualdade farão com que alunas(os) com melhores condições de estudar – por exemplo, as(os) que tiveram segurança alimentar, acesso à internet e às aulas – ou que já tivessem concluído o ensino médio terão mais chance de conseguir vagas em universidades via ENEM. Isso em detrimento das(os) alunas(os) mais vulneráveis, que ficarão mais distantes do Ensino Superior e, como consequência, com menos chance de renda maior e de oportunidades melhores de empregos no futuro.
As(os) mais prejudicadas(os) tendem a ser as(os) alunas(os) de Ensino Médio que não conseguiram acompanhar as aulas, afirma Soares, especialista em mensuração de desigualdade de ensino que, entre 2014 e 2016, foi presidente do INEP, órgão do Ministério da Educação responsável pela aplicação do ENEM e das demais avaliações da educação no país.