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Estudantes do Campus Salvador são assaltados ao saírem da aula de Educação Física
Dez alunos do Campus Salvador do IFBA foram abordados por um homem, depois de saírem da aula de Educação Física na Reitoria, atividade curricular obrigatória. A abordagem aconteceu na última quinta-feira (1), por volta das 10h, em frente ao Teatro Castro Alves. O bandido, que estava armado, obrigou os estudantes a o acompanharem até um ponto que ele escolhesse. Eles andaram por cerca de trinta minutos, sendo ameaçados por todo este tempo, até um local afastado no Vale do Canela. Lá, eles receberam voz de assalto e só foram liberados depois de entregarem seus pertences.
Depois do assalto, dois dos oito alunos se separaram e foram direto para escola, enquanto o restante se deslocou até um centro médico no Canela. De lá, eles ligaram para o colégio. Muito abalados, alguns foram direto para casa e outros foram levados para o IFBA pelo diretor do Campus Salvador, Albertino Nascimento. Depois, eles ainda fizeram o boletim na Delegacia dos Barris.
“O medo e a insegurança são os sentimentos mais fortes agora. Se um cara pode render dez alunos, em pleno Campo Grande, e levá-los para um lugar isolado e roubar seus pertences, sem que nenhuma viatura ou policial tenha aparecido, imagina o que pode acontecer numa próxima vez. E o pior é que estávamos de farda e continuaremos tendo aula na Reitoria”, alega um dos estudantes assaltados, que preferiu não se identificar por medo de represálias da gestão.
Ele diz que espera que o IFBA tome uma posição em relação ao transporte para a Reitoria, disponibilizando um ônibus para, pelo menos, a volta dos alunos, e à rápida reforma do ginásio de esportes do Campus Salvador. “Absolutamente nada foi feito até agora. A instituição deveria se posicionar. Além disso, essa é a hora dos estudantes mostrarem a insatisfação e lutarem para termos a resposta do IFBA. Essa exposição a que somos obrigados, transferindo a educação física para a Reitoria, está criando uma situação de desconforto e insegurança. Agora, além de enfrentarmos o Funil, a Água Brusca e o Aquidabã, vias muito utilizadas para irmos para casa e onde ocorrem muitos assaltos, ainda temos que passar por esse risco, que é ir pra Reitoria”, alerta o aluno.
Na opinião do professor de Sociologia do Campus Salvador Alberto Leal Neto, doutorando em Educação pela UFBA, o que aconteceu é reflexo da situação de insegurança e medo em que a sociedade vive na cidade de Salvador. “Infelizmente caso de roubos e furtos são cada vez mais comuns e não há hora para acontecer. No entanto, quando foi decidido que parte dos estudantes teriam aula de educação física na Reitoria e que o deslocamento seria de responsabilidade dos mesmos, no mínimo, a instituição deveria garantir esse deslocamento. Também acredito que faltou diálogo com a comunidade em relação à transferência de parte das aulas para a Reitoria, pois a própria comunidade, coletivamente, poderia pensar em estratégias para superar a situação da interdição do ginásio de esportes”, pondera Neto.
Ele alerta que o IFBA, através da sua Diretoria Adjunta Pedagógica e de Atenção ao Estudante (DEPAE), deve prestar toda a assistência aos estudantes e às suas respectivas famílias. “Desde acolhê-los, individualmente, no que diz respeito a possíveis traumas gerados pela situação de violência, bem como convidar as famílias para mostrar que a instituição tomará todas as medidas necessárias para que situações como essa não voltem a acontecer”, completa o professor.
O conselheiro do Campus Salvador, representante dos discentes do Integrado, Gabriel Matos, aluno do segundo ano do curso de eletrotécnica, está acompanhando toda a situação e concorda com o professor Alberto, que o IFBA tem obrigação, para dar garantias mínimas de segurança e comodidade, de fornecer transporte de ida e volta para as atividades realizadas na Reitoria.
“Levei a questão para a Diretoria, que se comprometeu a, numa reunião no próximo dia 15, firmar compromissos sólidos em relação ao transporte dos estudantes para a Reitoria. Eles garantiram, inclusive, que já há um processo em andamento para inscrever os estudantes que fazem as aulas na Reitoria, para receberem um auxilio transporte, porém, desejamos realmente que seja fornecido o transporte, o veículo”, conta Gabriel. Ele acrescenta ainda que “urge a necessidade do IFBA buscar um adiantamento das obras do ginásio, com uma maior efetividade dos órgãos gestores competentes”.
O conselheiro destaca que o assalto aos estudantes foi um episódio lamentável e é reflexo da negligência do IFBA, com a realização das atividades na Reitoria sem um planejamento adequado. “No mínimo, é triste para os alunos assaltados, que podem ter adquirido algum trauma com o episódio e, mais triste ainda, para toda a comunidade, que percebe, da pior forma possível, que há um problema endêmico a ser tratado pela instituição”, finaliza o estudante.
“A direção do SINASEFE-IFBA se solidariza com os estudantes, vítimas do assalto, apoia a luta por maior segurança para toda a comunidade acadêmica e cobra da gestão da instituição o imediato início das obras de recuperação do ginásio de esportes do Campus Salvador”, declara o coordenador geral da entidade, professor Georges Rocha.
Fonte: SINASEFE-IFBA