Evento com Dante

Imposição da reformulação do ensino integrado é questionada no IFBA Salvador

set 16 2016
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O auditório de Física do Campus Salvador ficou lotado na última terça-feira (13) para a conferência “Educação básica e educação profissional e tecnológica: dualidade histórica e perspectivas de integração”, promovida pelo Grupo de Pesquisa em Educação Profissional, Científica e Tecnológica (GPET). O evento contou com a apresentação do professor Dante Moura (IFRN), doutor em Educação e que tem no currículo a participação em grupos de trabalho que elaboraram os documentos-base do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica, na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), Ensino Fundamental e Ensino Médio, e do Ensino Médio Integrado aos cursos técnicos de nível médio.

O principal objetivo da conferência foi debater a reformulação dos cursos integrados do IFBA. Para aprofundar a análise, o professor Dante falou sobre a atual conjuntura política (onde a direita reacionária e conservadora tem forçado a retomada de poder), a corrupção, a influência do capital externo no rumo da nossa sociedade e sobre o quadro histórico nacional da Educação. “A reforma do Ensino Médio afeta diretamente o Ensino Médio Integrado. Ela é extremamente grave e danosa, pois, entre outros fatores, reduz o conhecimento da Educação geral (quando retira um ano de estudo), acaba com a ideia de integração e se transforma em um ataque ao direito de educação básica comum e igual para todo(a)s. Para mudar isso, somente com a articulação dos movimentos sociais e do Conselho de Reitores se posicionando contrariamente a essa mudança”, avalia Moura.

Para ele, a lógica hegemônica tem sido a formação do sujeito para o mercado e não a formação de sujeitos críticos, autônomos, emancipados e competentes tecnicamente. Ele alerta que o papel da escola é garantir essa formação que vai além da técnica, que promova a compreensão crítica.

O professor destaca que a reformulação do Ensino Médio Integrado precisa ser realmente discutida, pois os conteúdos de quatro anos não cabem somente em três anos e essa mudança tem esquecido o(a)s milhares de estudantes que precisam trabalhar e não dispõem dos dois turnos para estudo/ficar na escola. “Não podemos desanimar, precisamos utilizar esses fatos como combustíveis para a luta. O quadro é muito complexo e qualquer decisão sobre reformulação no ensino integrado precisa ser discutida amplamente”, acrescenta Moura.

De acordo com o especialista, a discussão da estrutura curricular é a última coisa que deve ser feita no processo de reflexão e avaliação do ensino técnico integrado. Portanto, o IFBA estaria na contramão deste processo pedagógico.

Para o professor de Política e Educação no Campus Salvador, Roberto Melo, na conjuntura em que o país está, a imposição da reformulação do Ensino Médio Integrado é um demérito. Eu sou terminantemente contra a forma como o debate pela reformulação vem sendo conduzido. O problema não é porque são três ou quatro anos. Há elementos novos que precisam ser considerados: a reformulação vai impor uma reorganização de tempo e espaço, tanto de conteúdos, como do processo de trabalho do(a)s professore(a)s, e, quando se traz isso em um quadro que anuncia a precarização das instituições federais, com decretos que ameaçam o serviço público no país, como vamos fazer uma reestruturação dando as condições qualificadas necessárias?”, reflete Melo.

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