

Novembro Negro do SINASEFE-IFBA se apropria de diversas manifestações artísticas para prestar justa homenagem ao multiartista Mestre Moa do Katendê
No último dia 29, em celebração ao mês da Consciência Negra, o SINASEFE-IFBA realizou o Novembro Negro 2018 – Ano Moa do Katendê, no auditório da seção sindical, no bairro do Barbalho, em Salvador.
A iniciativa, que também contempla outras cidades através de um edital anual para realização de eventos culturais e formativos nos campi dos Institutos Federais da Bahia e do Colégio Militar Salvador, promoveu um valioso debate sobre a importância da cultura afro-brasileira, da luta contra o racismo, além de ter prestado justas homenagens ao multiartista Mestre Moa do Katendê.
Durante a cerimônia de abertura a coordenadora geral do SINASEFE-IFBA, Rosangela de Barros Castro, agradeceu a presença dos(as) filiados(as), convidados(as) e a comissão organizadora pela realização do evento. Em seguida, antes de desvelar o grafite com imagem de Mestre Moa e Marielle Franco, feitos pelas artistas Annie Ganzala (Kpitú) e Ananda Santana (Dois Detalhes), foram convidados a compor a mesa a filha de Mestre Moa, Samona Costa, e Paulo Magalhães, produtor do documentário dirigido por Carlos Pronzato “Mestre Moa do Katendê – A Primeira Vítima”.
“Eu vejo aquele grafite por dois lados: primeiro como uma justa homenagem a duas figuras que viraram mártires, tanto pela forma como viveram como pela forma como tombaram. Eles viveram na luta e nela morreram. Por outro lado, eu vejo como uma intervenção que faz do sindicato em si mesmo um espaço político, político pela homenagem que decide fazer e político pela escolha da linguagem utilizada, já que o graffiti faz parte de uma cultura juvenil negra”, pontua a coordenadora.
De acordo com Samona Costa, Mestre Moa do Katendê tinha muitos planos para o ano de 2019. “Painho era muito ativo, ele estava planejando a comemoração dos 40 anos do Afoxé Badauê no carnaval e a construção de uma sede com aulas de percussão, dança, capoeira e artesanato. Eu me sinto feliz e honrada em realizar esse trabalho que meu pai ensinou a mim, a meu irmão Raniere e a meu filho e por ele daremos seguimentos aos projetos”, afirma Samona.
Antes de iniciar a exibição do documentário, o produtor do filme explicou um pouco como foi o processo de gravação. “Assim que aconteceu o assassinato, o Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia, do qual faço parte, se mobilizou para contactar com a família e com o cineasta Carlos Pronzato. O filme foi rodado praticamente sem apoio e em 14 dias, dado a urgência da denúncia do crime político”, declara o produtor.
Após a sessão, a poesia tomou conta com os versos de Deise Costa e Igi Emi, do grupo Militância Poética, de Sophia Araújo e Netto Reiny, da Lápide Rec, e Milica San que trouxeram a realidade dos(as) jovens negros(as) da periferia de Salvador com sua força e beleza na luta diária contra o genocídio e o feminicídio negro.
O encerramento do evento ficou a cargo de um show de “Afoxé’n’ Roll”, estilo criado pelo músico Weslei, que também é jornalista do SINASEFE-IFBA, além das canções autorais, os presentes puderam rememorar clássicos da música baiana. O show contou com a participação do professor aposentado, poeta e compositor, Juraci Tavares.
O SINASEFE-IFBA ao comemorar o Novembro Negro vem a público lembrar que o oposto de Casa Grande não é senzala, é Quilombo!
Confira o vídeo do Novembro Negro 2018 – Ano Moa do Katendê:
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