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O povo negro nas universidades

nov 30 2017
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20171129_141631A cada 23 minutos morre um jovem negro no país. Este dado, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU Brasil), foi tema de uma performance artística extremamente forte da atriz Andréia Fábia na roda de conversa “PRETAS: Partilhando Saberes, Construindo Conhecimento”, realizada ontem (29), na UFBA de Ondina. Com pedaços de carnes e desenhos no chão simulando vidas negras dilaceradas de forma abrupta pela violência, a artista trouxe à tona a dor de milhares de mães que perdem seus/suas filhos(as) para o crime e para as execuções feitas pela Polícia.

O evento, promovido por alunos(as) do Programa de Pós Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo (PPGNEIM), em comemoração ao mês da Consciência Negra, contou com as participações da psicóloga, mestre em Saúde Coletiva e coordenadora de Políticas Educacionais do SINASEFE-IFBA, Rosângela Castro, da antropóloga e ciberativista Zelinda Barros e da pedagoga trans e ativista do Movimento Negro/LGBT Tiffany Odara.

A coordenadora do SINASEFE-IFBA abordou a saúde mental das estudantes negras e como as inúmeras exigências das universidades que têm adoecido e dificultado a vida destas pessoas. “O que significa pertencer a uma graduação ou a uma pós-graduação? Vemos jovens negras concentradas em cursos das áreas de Biologia, Pedagogia, Ciências Humanas, o que reproduz as dinâmicas de gênero e raciais. Além disso, elas sofrem uma exigência maior para cuidar dos(as) filhos(as) e companheiros(as), são desaconselhadas a tentar vagas concorridas, a todo momento são estigmatizadas e expostas a dinâmicas de assédio e de abusos, poucas conseguem fazer intercâmbio no exterior durante a pós-graduação e ainda encontram dificuldades de converter esses títulos em ganhos no mercado de trabalho. As mulheres negras no campo acadêmico ainda enfrentam exigências numerosas, pesadas e, por vezes, absurdas por parte dos(as) professores(as) e órgãos de pesquisa e precisam trabalhar em um ritmo alucinante para dar conta de tudo, o que acaba afetando a nossa saúde mental, gerando adoecimento, uso de psicotrópicos e suicídio”, alerta a psicóloga.

20171129_152019Para ela, não há uma solução mágica para esses problemas, mas o caminho passa pelo engajamento dessas mulheres nas lutas sociais e de gênero, e pelo conhecimento de seu lugar no mundo e do poder que cada uma tem nas mãos. “É preciso que todas lutemos para que o meio acadêmico privilegie a qualidade ao invés da quantidade das produções e que insira e amplie disciplinas e expoentes negros(as) em suas grades. Outra fator importante é que forneça meios/estrutura para que o povo negro consiga se manter nas universidades, a exemplo de bolsas e incentivos”, acrescenta a coordenadora.

 

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